30 de jun. de 2010

A história do cinema em Brasília a partir do Cinememória

O cineasta Vladimir Carvalho clama para um incentivo a conservação da história do audiovisual candango

Por Helen Ramos

Ao se aposentar da Universidade de Brasília, onde lecionava cinema desde 1970, Vladimir Carvalho passou a se dedicar mais intensivamente a seus projetos de documentários. Além disso, também se empenhou integralmente a se organizar e manter uma fundação que pudesse preservar os filmes que fez e, também de outros cineastas sobre Brasília ou da cidade: a Fundação Cinememória.

Desde 1970, após a segunda retomada do curso de cinema da UnB, Vladimir Carvalho foi um dos principais articuladores e incentivadores do cinema no DF. É importante lembrar, como ele afirma, que Brasília foi uma das únicas cidades do mundo que já nasceu sendo filmada e fotografada, o que quer dizer que dispõe de um enorme acervo de imagens sobre toda a trajetória de sua construção e de toda a história que se desenvolveu nela desde 1960.

Este é o principal motivo pelo qual Vladimir Carvalho sempre defendeu a criação de uma Cinemateca em Brasília, nos moldes da Cinemateca Brasileira, mas em menor porte. O projeto, porém, nunca foi desejo de políticos, ou daqueles que regem a cultura na capital. “Ao me aposentar, coloquei a mão na massa e comecei a construir meu próprio sonho”, conta.

Foi com essa proposta que, desde 1983, o documentarista fez um museu improvisado. O Cinememória, no início da W3 Sul, tem a arquitetura de um filme. Cada cômodo sugere uma cena. As janelas são como rolos de película, e o segundo andar nada mais é que um pequeno auditório. Revestida de lembranças, a construção na quadra 703, abriga a trajetória de um dos maiores documentaristas do Brasil.

Vladimir Carvalho decidiu doar em 2009 todo o acervo cultural construído em seus 74 anos de idade, inclusive o Cinememória que criou, à comunidade de Brasília. A decisão não veio à toa. Foi preparada como um grande presente para as comemorações dos anos 50 da capital federal. Vladimir volta diversas vezes no mesmo assunto. “Fiz isto porque não sou museólogo e não tenho como conservar sozinho tudo que juntei durante anos. Espero que a política de apoio a cultura de Brasília se encarregue de preservar uma parte da história. Estou oferecendo inicialmente o meu acervo ao cinema local", afirma.

Entre as preciosidades guardadas, há cartazes, câmeras raras, fitas de vídeo, revistas, negativos, cartas e imagens de mestres como Mário Peixoto, Glauber Rocha e Rogério Sganzerla. Antes que o martelo seja batido, porém, o diretor faz uma exigência. “Não quero que o espaço seja vendido ou transfigurado."

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